domingo, 19 de maio de 2013

A COR DA SAUDADE



Sentir saudade não é ruim. É um sentimento inerente ao ser humano e por mais que algumas pessoas digam que vivem intensamente o presente isso não as isentarão desse sentir.
Sentir saudade não é viver o passado.É o passado entrando no presente trazendo uma gama de sensações, tais como:
Saudade do ente querido que foi morar no céu, saudade do amor que se ausentou tão abruptamente,saudade de quando os filhos eram pequenos, saudade de pessoas que fizeram parte da minha vida...saudade.Muita saudade!
O mes de Maio é difícil para mim. Nele minha mãe Irene nasceu e faleceu( 11/05...27/5)Minha Vó Laura faria aniversário hoje(13/05)
Saudade doída mas tão doída que pensei que não iria suportar.Somente o tempo pode suavizá-la.
Saudade surpresa. Uma amiga que dizia querer a minha amizade para sempre no meio do caminho desistiu de mim não perdoando uma indelicadeza cometida.
 Saudade dos meus filhos dando os primeiros passos, fazendo bagunça pela casa.
Saudade natureza- meus beija-flores, as árvores da minha infância, alameda de mangueiras do sítio onde  fui criada.

como só temos saudade daquilo que foi importante, que mexeu com nossos sentimentos, que despertou emoções. Resolvi dar cor a minha saudade.
Acor da minha saudade é azul.
Talvez você se pergunte: Até a mais doída? A que achava que não iria suportar?
Sim! Até essa. Isso aconteceu depois de um longo processo onde o tempo interveio suavizando-a.
Minha saudade sempre será azul!
 Azul cor do céu onde moram minhas Estrelas e a minha Lua.
Azul cor do mar  testemunha de tantos beijos, abraços e muita alegria.
Azul da blusa que minha mãe tanto gostava, do casaco de Vó Laura.
Azul dos olhos de uma médica que, num momento muito difícil, meu deu um recado de Deus" Anjos são pessoas boas que colocarei na tua vida. Tenha sensibilidade e humildade para reconhecê-las"
Dos momentos felizes que ainda viverei.
Das minhas palhaçadas quando a idade não mais me permitir fazê-las.
Do perfume das flores, do aroma de café das manhãs de inverno de uma pousada de Visconde de Mauá(RJ) que visitarei e, com toda certeza do sorriso de qualquer criança.




segunda-feira, 1 de abril de 2013


Chuvas ao entardecer

Sentada na varanda da espaçosa casa Dona Mariana faz um relato emocionado de sua vida com Pedro.
- Chamo-me Mariana, tenho 77 anos e meu casamento durou 53 anos.
Pedro e eu nos conhecemos num entardecer chuvoso. Andava apressada para pegar o ônibus quando levei um tombo.
Algumas pessoas se aproximaram  e entre elas estava um homem moreno que me pegou pelas mãos me ajudando a levantar.
Agradeci a gentileza , me recompus e segui em direção ao ponto de ônibus - meio envergonhada.
Uma semana depois nos reencontramos numa pizzaria. Era noite de Sexta - Feira  e estava com duas amigas.
Ele se aproximou de nossa mesa, se apresentou e me perguntou como eu estava.
Começava ali uma paquera que virou namoro.
Num Domingo de Outono caminhávamos pela Quinta da Boa Vista quando
começou a chover. Corremos de mãos dadas procurando um abrigo quando
Pedro parou e me perguntou- Mari, quer casar comigo?
Sob a chuva molhando nossos corpos beijamo-nos apaixonadamente e ele
sussurrou no meu ouvido- Prometo que sempre irei lembrar de nós dois
quando a chuva cair ao entardecer, meu amor.

Tivemos um casal de filhos  e três netos. Éramos uma família feliz até que Pedro começou a ficar esquecido, comportamento  estranho e arredio.
Levei-o ao médico e ele foi diagnosticado como sendo portador do Mal de Alzheimer.
A doença progrediu numa velocidade que espantava o médico.
Meu Pedro, meu companheiro tão afetuoso, gentil e alegre vivia apático  e dependente de pequenas coisas.
Foram anos muito difíceis para toda a família. Um sofrimento diário. Eu estava perdendo o meu amor.
Sempre ao entardecer nós ficávamos sentados nessa  varanda e eu afagava suas mãos e ele parecia sorrir com os olhos.
Quatro dias antes dele falecer, deixei-o por uns minutos sozinho e quando retornei a chuva caía suavemente.
Sentei-me ao seu lado e inesperadamente ele me olhou,voltou seu olhar para a chuva e balbuciou...n ó s.

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