quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A vida continua sem você.

A VIDA CONTINUA SEM VOCÊ



O volume alto do rádio do vizinho invade o meu silêncio e rouba o meu pensamento que até então lhe abraçava. Sentindo a sua fuga, absorvo o perfume que ainda está impregnado na minha pele.  Até no edredom em que nos enrolamos a noite toda você está. Me perco nas lembranças dos momentos intensamente vividos.

Mas o que farei com as lembranças? Me entorpecer de saudade? O que farei com a saudade? Tropeçar numa fantasia em câmara lenta enquanto o bom seria lhe ter em câmara que me devolvesse você em forma rápida? Não! Não é neste filme que quero estar. Não quero estar no filme choramingando feito a pobrezinha abandonada sem os fortes braços do amor. Quero um filme diferente. Vou dizer ação e ser a heroína, mesmo que tenha que recorrer a uma citação das mais finas. Em que raios vou buscar uma citação? Num belo filme ou algo assim?

E me ponho a indagar: tudo isso é sonho ou realidade? Deitado estivesse comigo por uma noite toda? Confundem-me as lembranças e tenho medo de minha imaginação que de tanto desejar-te cria fantasias, que se perdem na bruma e nunca perto de mim consigo te encontrar, só te imagino, só te descubro perdido dentro de mim, mesmo assim te desejo e te sinto forte e dono.  Enquanto eu... apenas coração.

Mas que coração é este meu? Como pode ser tão frágil se de amor é tão forte? Devo ter um coração de água. Devo ter um coração de louça e talvez o rádio do vizinho tenha chegado em boa hora. Vou arrumar essa cama! Vou me devolver para os meus próprios braços fortes. Se você já se foi de mim, sem compromisso de volta, não morreria por você.  Meu filme não era para acabar assim, mas no amor a ilusão acaba e a vida continua sem você.

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